Arkanun (plano)
[Plano Material]
Existiu um dia, no passado, em que Ark-a-nun já foi exatamente como a Terra. Árvores cresciam em imensas florestas temperadas, rios abundantes eram habitados por toda uma fauna e flora muito semelhante à que existe hoje em nosso planeta e existiam vilas e cidades que seguiam mais ou menos os mesmos princípios de nossas vilas medievais.
Mas isso foi há MUITO tempo atrás...
Os feiticeiros de Arkanun descobriram através de pergaminhos e tomos perdidos, encontrados em ruínas milenares, as formas e os caminhos de manipulação da magia. Pouco a pouco, diversos Magos, Bruxos e Feiticeiros aprenderam a entender, controlar e criar seus rituais místicos, utilizando-os para seus fins pessoais. Muitos generais surgiram, apoiados por grandes vizires e magos conselheiros. Guerras cada vez mais sangrentas pelo domínio do território aconteciam, consumindo lentamente os recursos naturais e místicos do plano de existência.
Com o passar dos séculos, o ar, a água e a terra foram se tornando corrompidos pelos rituais demoníacos que os Sacerdotes utilizavam. Novos deuses e demônios foram descobertos ou ressussitados, através do conhecimento de novos pergaminhos e de feiticeiros que se aventuravam em vales espirituais há muito desabitados.
Ao longo do tempo, deformações demoníacas foram surgindo naqueles guerreiros que permaneciam muito tempo em contato com armas e armaduras místicas, bem como nos magos mais poderosos. Dragões e outras criaturas que não eram nativas daquele plano surgiram, assim como gárgulas e outros tipos de criaturas nunca vistas antes pelos arkanitas.
Mas a guerra continuou...
O céu tornou-se avermelhado, as águas tornaram-se escuras e as florestas definharam. Animais sofreram terríveis mutações, resultando em assustadoras bestas de guerra para atacar e destruir seus inimigos. Cidades inteiras foram devastadas e o deserto avançava passo a passo sobre a civilização.
Conforme a guerra ia tomando proporções maiores, as cidades que ainda restavam converteram-se em verdadeiras fortalezas impenetráveis, fechadas para estrangeiros. Os desertos tomavam mais de dois terços do planeta e as tempestades de sangue destruíam tudo que encontravam pela frente. Os animais de guerra das cidades derrotadas libertaram-se do cativeiro e agora dominavam as escassas florestas e vales que ainda restaram.
O calor e as areias avermelhadas dos desertos tornaram-se a paisagem dominante do mundo, junto com ruínas de cidades e torres escuras, contruídas com mármore negro.
Mais de setenta por cento do planeta foi destruído nas guerras místicas. O restante passou a viver em vilas ao redor de imensas torres, governadas por reis-feiticeiros, ou em cidades fortificadas e isoladas umas das outras. Durante as batalhas, todas as informações comuns se perderam, inclusive todos os registros de datas, eventos e até mesmo o calendário e as estações do ano. Cada cidade passou a adotar seu próprio calendário, baseado nos desejos de cada feiticeiro-rei.
Claro que existiam entre os magos pessoas bondosas e de caráter, mas eles acabaram sendo atacados pelos outros feiticeiros em sua busca pelo poder. Xiutecuthli, um dos maiores feiticeiros de Arkanun, conseguiu desenvolver um ritual que levou cerca de cinco mil arkanitas para a Terra. Estes seres misturaram-se à população primitiva local e formaram as bases da civilização asteca. Os trinta ou quarenta magos e clérigos mais poderosos do grupo, responsáveis pela execução do ritual formaram o panteão que hoje é conhecido como panteão asteca.
Outros dois magos, Manko Capak e Hunapthu Itiu, também descobriram os pergaminhos contendo os rituais para o transporte de arkanitas para a Terra e foram os dois últimos magos a conseguirem passar pelo véu antes da tempestade espiritual isolar permanentemente os dois planos materiais. Manko Capak tornou-se Viracocha o “deus” principal do panteão inca e Hunapthu Itiu (junto com outros doze magos que realizaram o terceiro ritual, anterior ao de Manko e Hunapthu) e tornaram-se os “treze deuses maias”.
Estas civilizações viveram e se desenvolveram pacificamente na América Central e do Sul durante mais de um milênio, até que os europeus, influenciados pelos anjos de Paradísia e em parte pela Inquisição, aportaram no Novo Continente e organizaram uma matança sistemática destes grupos, resultando na extinção completa destas civilizações. Em Arcádia, remanescentes destas civilizações existem até os dias de hoje.