O Universo de Trevas

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Informação é poder. A primeira sociedade secreta apareceu quando as primeiras entidades descobriram que a informação completa da verdade traria o controle sobre os humanos que não a tivessem.


A RODA DOS MUNDOS

Uma das primeiras lições que os magos iniciados nas escolas de Magia aprendem é a respeito da Roda dos Mundos, o nome dado ao mecanismo astral responsável pela evolução dos mundos espirituais e que está dividido dentro do sistema solar em nove engrenagens, chamadas orbes.

Estas gigantescas engrenagens invisíveis envolvem todo o universo, decretando o nascimento e a morte dos mundos. A Terra onde nós vivemos faz parte da terceira orbe solar, também chamada Satânia, junto a seus planos irmãos Paradísia e Arkanun.

De acordo com a história da Cidade de Prata, como ela nos é contada, o universo como conhecemos passou a existir quando Jeovah (também chamado pelos estudiosos de Demiurge ou Demiurgo) rompeu a barreira que separa Éden de Paradísia, fundando a grande Cidade de Prata, lar dos anjos alados. O que havia antes disso, ninguém ao certo sabe a verdade.

Além do Demiurgo, outro nome é conhecido dos estudiosos do reino do Reino Astral: o Ancião dos Tempos. Sabe-se que essa poderosa entidade é mencionada nas escrituras como já existente naquela época, mas nenhum sábio jamais conseguiu encontrar sua verdadeira origem.

A PRIMEIRA SOCIEDADE SECRETA

A primeira sociedade secreta surgiu quando Lúcifer, o mais lindo e poderoso anjo dos céus, decidiu organizar seu manifesto pela liberdade.

Lúcifer ainda era o comandante de todos os anjos naquela época, adorado por todos os espíritos da criação. Viu a construção da Terra se desdobrar diante de seus olhos. Viu a criação dos homens, dos homens e das plantas. Viu um mundo que poderia ser seu para governar. Junto a seus principais marechais, Moloch, Chemos, Baalim, Astoreth e Thammuz, formou as bases de exército que arregimentaria um terço dos anjos da Cidade de Prata e tentaria tomar o poder das mãos do Demiurgo.

Então Lúcifer fez o impensável: desafiou o poder de Deus.

Segundo o poeta John Milton, a morada dos primeiros Anjos era chamada de Castelo Oostegor, ou Malek. Um castelo de proporções gigantescas, aproximadamente do tamanho de uma metrópole do século XI na Terra, e apenas inferior em tamanho ao Castelo Júpiter, lar dos Anjos altíssimos.

Oostegor foi a base da rebelião dos primeiros anjos.

Sentado junto a seus marechais, Lúcifer tramou a primeira de todas as rebeliões...

A PRIMEIRA REBELIÃO

Enfrentando o dobro de suas forças, os anjos rebeldes conseguiram derrotar as falanges de Miguel e tomar o Castelo Júpiter. Tropa após tropa, todos os anjos principais do céu tombaram diante dos ataques de Lúcifer e seus exércitos.

Quando as falanges finalmente tentaram tomar o Solarium, a Grande Sala dos Altíssimos, encontraram Christos, filho do Demiurgo, sentado à direita do Pai. Naquela época, Christos era conhecido apenas como "Lumen Filliis" (o Filho Iluminado). Christos ergueu uma espada brilhante como mil sóis e enfrentou Lúcifer e seus anjos sozinho. A luta prolongou-se por uma eternidade e os espíritos mais antigos dizem que o universo brilhou nesse dia e depois escureceu para sempre.

Após a queda de Lúcifer, o Castelo Oostegor foi destruído, mas alguns dizem que partes do castelo ainda podem ser vistas na faixa de asteroides entre os planetas Marte e Júpiter. Dos Campos de Marte, na Cidade de Prata, pode-se ainda avistar as ruínas do fabuloso castelo, assim como do Nono Círculo do Inferno, morada atual de Lúcifer.

OS OUTROS DEUSES

Após a vinda do Demiurgo, os deuses Gaea (Gaia, a mãe Terra) e Uranus (o pai, o céu) foram as próximas entidades a cruzar a fronteira espiritual entre Éden e Paradísia. Tiveram ao todo doze filhos, chamados de Titãs por causa de seu imenso tamanho e poder e povoaram partes de Paradísia. Um de seus filhos, Chronos, também se rebelou contra seu pai Uranus e, assim como Lúcifer, combateu seu criador.

Armado com a Lança do Destino confeccionada por Gaea, Chronos castrou Uranus e arremessou seus testículos para a Terra, onde as espumas formadas pelo sêmen e pelas águas do mar deram origem à deusa Afrodite, a mais antiga deusa a pisar na Terra, cerca de dez mil anos atrás.

Após a derrota e banimento de seu pai, Chronos assumiu o domínio da região sul de Paradísia, junto a seus irmãos Titãs (Oceanus, Tethys, Hyperion, Theia, Coeus, Phoebe, Rhea, Mnemosyne, Themis, Crius e Iapetus) e juntos governaram a Terra por muitos séculos, na chamada Era de Ouro da Terra. Chronos (que muitos sábios afirmam ser apenas outra forma do Ancião dos Tempos) teve diversos filhos com Rhea, entre os quais Réstia, Deméter, Hera, Zeus, Hades e Poseidon.

Alertado por um Oráculo de Spiritum de que seria derrotado por seu filho mais jovem, Chronos decidiu devorar toda sua prole, para impedir que a previsão do Oráculo se realizasse. Sobre esse capítulo da história grega, muitos sábios acreditam que foi o próprio Chronos quem avisou a si mesmo no passado, sobre sua derrota para Zeus.

Rhea, quando seu sexto filho homem nasceu, decidiu escondê-lo do pai, moldando com seus poderes mágicos uma pedra na forma da criança. O deus verdadeiro foi enviado para a distante Ilha de Creta, onde foi criado pelos demônios conhecidos como Dáctilos até que atingisse a idade adulta e pudesse atacar seu pai.

Zeus, com a ajuda dos Centimanos (gigantes com cem braços e cinquenta cabeças que vivem no Olympus), atacou os Titãs e os derrotou, aprisionando-os na região que mais tarde seria conhecida como Inferno. Em seguida, libertou seus irmãos do ventre de seu pai e tomou a cidade de Olympus como morada. Casou-se com Hera, sua irmã e passou a governar os chamados deuses olimpianos.

Apesar de relativamente próximas, a Cidade de Prata e Olympus quase nunca travaram contato desde a primeira rebelião de Lúcifer até a tomada do Olympus por Zeus. O primeiro contato entre as duas regiões ocorreu por volta de 7500 A.C., com a chegada do mensageiro dos deuses gregos Hermes à Cidade de Prata.

DEUSES EGÍPCIOS

Khepera foi um dos próximos deuses a cruzar a barreira entre os dois planos celestiais. Deus besouro, construiu sua morada no Deserto de Dudael, afastado ao sul de Paradísia, a muitos dias de viagem da região onde está localizada a Cidade de Prata.

De suas próprias lágrimas, Khepera criou (por isso o símbolo de Rá é um olho lacrimejante) e todos os outros deuses que mais tarde seriam conhecidos como deuses egípcios. Em seguida, criou as imponentes Pirâmides de Dudael e a Cidade Dourada, onde passou a governar junto a seus filhos. Khepera desapareceu pouco tempo depois, nas areias do deserto e nunca mais foi encontrado.

Rá, filho mais velho, sentia-se muito solitário e criou os deuses Maat, Nut e Thot para lhe fazerem companhia. Com a deusa Nut teve cinco filhos: Osíris, Haroeris, Set, Ísis e Nephtys. Os deuses Set e Nephtys também tiveram um filho, Anúbis, o deus de cabeça de chacal, guardião dos mortos e coordenador das almas egípcias de Spiritum.

A pirâmide dourada e a Cidade Dourada de Rá tiveram uma convivência pacífica com Olympus e com a Cidade de Prata, com troca de informações, Rituais e Magias entre os diplomatas dessas cidades.

METRÓPOLIS

Com o enfraquecimento da barreira entre Éden e Paradísia, outros deuses mais fracos conseguiram atravessar o portal para Paradísia também. Bel Meridath e Leviathan foram exemplos desses deuses que cruzaram a barreira entre Éden e Paradísia em 10.000 A.C.

A luta entre o deus da luz e o dragão baleia da escuridão marcou Paradísia com o brilho de cem estrelas e foi narrado em diversas mitologias antigas, principalmente na região da Mesopotâmia. Inimigos mortais por incontáveis eras, Bel Meridath enfrentou Leviathan ainda no Éden, conseguindo forçar o demônio à queda para um plano inferior...

Apesar de considerado um dos mais poderosos demônios que já habitaram a Orbe Terrestre, Leviathan perdeu a batalha contra Bel Meridath e foi derrubado dos céus sobre Paradísia, causando um grande cataclismo. Sua queda abriu uma cratera gigantesca, chamada pelos anjos mais antigos de "O Fosso", tão profunda que é impossível enxergar seu fim.

Do ventre amaldiçoado do deus-baleia Leviathan nasceram 823.543 (7 elevado à sétima potência) Keepers, que escalaram as bordas do Fosso como uma verdadeira horda de seres abomináveis, até onde seria erguida a cidade de Metrópolis. O nome "keeper" foi dado por São Estêvão em 35 D.C. e significa "guardião" ("Keepers of Leviathan", no original).

Criaturas hediondas, os Keepers lembram anjos disformes e obesos, com asas deformadas e rasgadas, geralmente apenas com os ossos à mostra. Seus dentes afiados e seus olhos vazios são uma caricatura doentia da beleza dos anjos de Paradísia.

Os anjos deformados organizaram uma gigantesca cidade fortificada, trabalhando sem parar durante sete mil anos. As bordas do Fosso formam 7.777 "dentes", ao redor da cidade de Metrópolis, com forma muito semelhante às mandíbulas de um tubarão. A cidade de metal negro está construída dentro dos penhascos ao redor do fosso e muitas partes estão construídas sobre o fosso, com torres, palácios, edifícios com centenas de andares, castelos e milhares de mausoléus, onde estão enterradas as mais hediondas criaturas geradas pela alquimia dos Keepers e pelas mutações impostas pelos campos energéticos do Fosso. Esses mausoléus guardam os chamados "Deuses Mortos".

Metrópolis também é chamada de Necrópolis, ou de Lanka, Cidade dos Mortos, venerada na antiga Índia. Sua localização física está disposta sobre a cordilheira do Tibet, o que explica o clima gélido ao redor da cordilheira onde estão localizadas as 7.777 torres.

A visão para o viajante de Paradísia é assustadora. Após caminhar por dias em espessa neve, enfrentando temperaturas extremas, o peregrino irá se deparar com torres de metal negro que alcançam o céu, formando uma enorme boca de tubarão. Uma vez atravessando os portões externos, a temperatura dentro da cidade é amena (ficando cada vez mais quente, conforme se aproxima do Fosso e das estruturas construídas em seu interior).

Os diplomatas de Metrópolis foram enviados para as cidades conhecidas na época, que não viram com bons olhos seus irmãos deformados de corpo e alma, mas não tiveram outra escolha senão tentar uma convivência pacífica.