20060514 - Diario de Cuiaba

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14/5/2006


É preciso saber jogar

Ligado de forma errônea a acontecimentos violentos, o RPG nada mais é do que uma brincadeira de raciocício, como o xadrez

ADRIANA NASCIMENTO Da Reportagem

Se você viu um filme ou leu um livro e, de tão boa a história, ficou pensando que, se ocorresse este ou aquele acontecimento tudo poderia ser diferente, você é um potencial jogador de Role Playing Game (RPG), ou em bom português: Jogo de Interpretações de Papéis. Mas calma! Você não é um assassino em potencial, já que o RPG saiu algumas vezes no noticiário ligado ao motivo de assassinatos frios, cujos acusados alegavam terem sido influenciados pelo RPG. O jogo, ou sessão, como é chamada pelos participantes, nada mais é do que uma brincadeira de raciocínio, como o xadrez. E a alegação de que é um jogo que incita a violência é errônea, uma vez que todos os participantes estão cientes de que aquilo não é real.

Para tirar o jogo da lista negra do lazer da maioria da sociedade é que a Livraria Adeptus lança no próximo domingo (21) o projeto "Crônicas de Domingo", que pretende, através de palestras, mesas-redondas e oficinas, esclarecer a todos sobre a essência desta brincadeira. Independente deste evento, a unidade da Adeptus do shopping Goiabeiras oferece espaço para quem quiser jogar RPG aos sábados e domingos com mesas de jogos direcionadas. Tudo gratuitamente.

Os organizadores do "Crônicas..." são os jovens: Maurício Rodrigues, Pedro Campos e Orlando Borges, praticantes de RPG há dez anos. Todos alegam que nunca tiveram ou souberam de problema de violência ocasionado pelo jogo. "Se todo mundo que jogasse - e são muitos jogadores – pelo Brasil saísse matando haveria muito mais manchetes sobre isso. Seria uma carnificina só", brinca Pedro. Ele alega que o problema do vínculo do RPG com a violência é que, como o jogo é importado dos Estados Unidos, o Brasil não se preocupou em dividir as histórias em faixas etárias. Alguns jogos têm temática pesada e mesmo assim são disponibilizados para crianças ou jovens que não têm maturidade para discernir o que é real. "Daí surgem os problemas, mas são raros", completa.

Maurício esclareceu que o RPG, embora tenha toda essa aura de misticismo e violência, é apenas um sistema de 74 regras que possibilitam uma narrativa em conjunto. "Dessa forma, qualquer história pode ser contada e recontada", disse. E o jogo é tão rico em situações que pode ser jogado em uma hora ou o resto da vida.

Eles explicam que o RPG, mais do que um jogo, é uma ferramenta pedagógica que auxilia o desenvolvimento. Por isso o público que esperam são, principalmente, professores. O projeto segue até agosto, sempre aos domingos.

Orlando afirma que, apesar de ser conhecido como um jogo o RPG não tem vencedores, só uma análise sobre o desempenho de cada participante. "Diante dela o jogador vê se ganhou ou perdeu com a experiência", garante. Quanto ao custo ele conta que não é um jogo de elite, podendo ser praticado por qualquer pessoa. "Caros são os livros de orientação do jogo, que nem sempre são necessários para quem já tem noção das regras. Alguns chegam a custar R$ 80,00. Mas eles podem ser comprados em conjunto pelos participantes de uma história, que muitas vezes chegam a 15 numa mesa", destacou.

RPG popular - Os rapazes contam que o RPG está presente no dia a dia das pessoas e muitos não sabem, mas gostam. É o caso do desenho Caverna do Dragão que muito sucesso fez na década de 80. Ele é oriundo do RPG Dungeons & Dragons, criado por Ernest Gary Gygax em 1974 e totalmente remodelada pelo roteirista Dennis Marks, que pôde utilizar conceitos do RPG e o título oficial: Dungeons & Dragons na TV americana. A aventura segue alguns dos estereótipos dos primeiros RPGs, mas adiciona elementos dramáticos ao usual "grupo de aventureiros numa terra estranha".

"O filme Anjos da Noite é outro caso de transformação de um RPG. E por causa disso tem na justiça muitos processos por plágio", conta o jogador Pedro. Já o filme "Entrevista com o Vampiro" ocorreu o inverso. Como a história fala de um ser que não morre e passa pelos séculos acarretando morte por onde passa, virou um jogo e pode ser transportado para as mais diversas situações e épocas.

Os organizadores do projeto contam que todo tipo de história pode ser transportada para o RPG. As recomendadas pelos rapazes são as que têm como assunto: A idade média, Horror e Ficção Científica.

Fonte