20011017 - O Globo
A polícia de Ouro Preto tem convicção de que a estudante Aline Soares foi assassinada por um grupo que transformou a história de um jogo de RPG em realidade
A Morte Imita o Jogo
A polícia de Ouro Preto junta as peças de um quebra-cabeças para tentar desvendar o assassinato da estudante Aline Soares. Hoje, foram encontrados livros de bruxaria e satanismo, na república onde a vítima ficou hospedada, antes de morrer. A polícia encontrou também manuais e peças de um jogo de RPG.
Cinco dias de investigação. Quinze depoimentos. E a polícia de Ouro Preto tem uma convicção: a estudante Aline Soares foi assassinada por um grupo, que transformou uma história de um jogo de RPG em realidade. A prima da estudante, Camila, é uma das suspeitas.
Ela acompanhava Aline em Ouro Preto e entrou em contradição no depoimento ao delegado. Na lista de suspeitos, ainda estão o jogador que usava o codinome de Anjo da Morte e outro estudante. Os dois têm ferimentos no corpo. Podem ser os sinais da última reação da vítima. À polícia, eles disseram que as marcas são das namoradas.
“Nós vamos ouvir agora as namoradas desses estudantes e nós vamos confirmar. E elas vão ter que assumir o compromisso em dizer a verdade”, aponta o delegado Adauto Corrêa.
E os suspeitos podem ter extrapolado o jogo. Hoje, os investigadores cumpriram um mandado de busca e apreensão em três repúblicas de estudantes.
Nesta, onde Aline se hospedou com a prima e uma amiga, foram apreendidos peças e manuais do RPG e vários livros de bruxaria, magia negra e satanismo. Num deles, o aviso: “a magia e os rituais descritos não devem ser utilizados fora do jogo, pois poderiam ferir os participantes. Este é apenas um jogo. A realidade é muito pior”.
A primeira prisão pode acontecer nas próximas horas. Um grupo de policiais já deixou Ouro Preto. Eles vão procurar um suspeito no leste do estado e no Espírito Santo. Seria um dos jogadores, com informações que podem ajudar a polícia a esclarecer o assassinato.