20011024 - O Tempo
Não há estudo ligando jogo a agressividade
Essa questão (se o jogo RPG influiu ou não no assassinato de uma estudante) aponta para o debate em torno da influência dos meios de comunicação e de lazer sobre o comportamento agressivo que existe na sociedade.
É importante ter claro que não há nenhum estudo científico no nível nacional ou internacional que comprove a capacidade dos meios de comunicação ou das atividades lúdicas em determinar ou não a violência. Sob esse ponto de vista, é preciso repensar essa relação dos meios e das atividades lúdicas com o fenômeno da violência.
Em princípio, jogos agressivos ou que tragam a tônica de violência não formam indivíduos agressivos. O que se pode dizer é que eles podem reforçar atitudes agressivas em certos indivíduos e grupos sociais. Mas devemos suscitar a idéia de que a pura e simples proibição desse tipo de lazer não vai evitar a emergência do comportamento agressivo. A proliferação desse tipo de jogo na sociedade reflete, na verdade, um pouco de certos aspectos culturais e históricos da nossa sociedade.
Devemos ter em mente que a sociedade brasileira é historicamente violenta - desde o Período Colonial. Dada essa persistência histórica, podemos entender por que muitos jovens e adultos podem buscar a violência no lazer, jogos, filmes e até na imprensa sensacionalista. Supõe-se que existe uma atitude propensa à violência anterior à busca desse tipo de atividade.
A questão mais importante não é saber por que os jogos determinam esse comportamento, mas, sim, o que está fazendo os jovens buscar esse tipo de lazer.